quarta-feira, 29 de abril de 2009

Chove chuva, chove sem parar...


Não sei de onde vem tanta água, por favor meteorologistas de plantão, me expliquem porque tanta chuva. Não faz nem sol pra poder evaporar água e formar nuvens?! São litros e litros de água jorrando todo dia. Como diz o Beto, previsão do tempo aqui é muito fácil - chuva para as próximas 24 horas.
Mas por aqui não tem tempo ruim, a galera vai pra escola, pro trabalho, às compras, com chuva e tudo. A diferença é o tamanho dos guarda-chuvas, parecem barraca de praia.
Hoje a noite saí pra caminhar e vi um céu estrelado e uma lua crescente, mas isto não quer dizer que amanhã teremos sol. Nananinanão... o céu amanhã vai desaguar em nossas cabeças mais uma vez. Se desse pra canalizar esta água e mandar pro Nordeste, ele iria realmente virar mar. Cadê o povo da transposição do São Francisco? Não dá pra transpor o Rio Parauapebas?


segunda-feira, 27 de abril de 2009

Até Picapau tá pirando

Não estou falando isto por alguma razão pessoal, mas é que ouvi uns papos de depressão que me deixaram preocupada. Mas o fato é que algumas coisas estranhas andam acontecendo e depois que o Picapau errou o pau e veio picar o poste, não me surpreendo com mais nada.

Estive ausente por uns dias mas é esta vida agitada... muitos programas sociais, encontros, almoços, viagens, etc, etc, etc. Nem te conto. Tá bom eu vou contar, aí lá vão as manchetes:

Jogo do Cruzeiro x Atlético rende bom papo e sábados na floresta - Convidados para o último jogo dos times citados (mineiro aqui é mato, sô), conhecemos uma menina que participa de um grupo que faz caminhadas e rapel pelas cachoeiras da floresta. Todos os sábados eles se aventuram por trilhas na mata e já estamos inscritos para as novas aventuras. Aguardem notícia.

Coquetel é o melhor das sextas - Vocês devem estar se perguntando o que se faz por aqui nas sextas-feiras. Bom, ainda não sei exatamente mas descobri que o Pub na pracinha perto de casa faz uns coquetéis maravilhosos. Isto quando tem todos os ingredientes e você chega antes das 22h, quando a simpática garçonete chega dizendo que em poucos minutos encerrarão as atividades. Pode?

Encontrado o jardineiro ideal - Depois de uma incansável e interminável tarefa de percorrer as ruas do núcleo para achar um jardineiro que finalizasse o serviço inacabado e mal feito do primeiro incompetente contratado, achei o seu Cícero, senhor baixo de andar cansado, óculos tortos e caídos, pele maltratada de sol, mas que soube entender o que eu queria e não fugiu da raia. Em dois dias terminou o serviço e prometeu voltar no futuro. Ufa!!! Daqui a alguns meses mostro a grama verdinha e cortadinha, quem sabe até com um Ipê plantado na frente de casa. Parece incrível mas está difícil arrumar uma muda de árvore por aqui.

Filhos já podem se orgulhar dos pais - Meu segundo dia de aula de violão já não doeu tanto. Os dedos já movimentam-se livremente, ou quase. Marcelo já pode dizer que o presente dado no Natal não foi em vão, o bichinho perdeu o mofo, as cordas vibram e a caixa ressoa afinada. Mais uns meses e estarei incomodando os vizinhos. Quanto ao Beto, este será o orgulho da Barbara, só abla espanhol e anda cantando "Quanta la mera" todo dia, quero dizer Guantanamera (viva o google!).

Baiano de Ilhéus faz sucesso no Peba - Sábado passado fomos almoçar no 'Acarajé do Baiano', restaurante de comida típica baiana. Deliciosa peixada amarela com pirão de peixe, arroz bem branquinho e vinagrete. Saudade do tempero baiano. Depois do almoço ele nos contou sua odisséia pelas terras paraenses mas anda feliz com o sucesso. Afinal, baiano é o que não falta por aqui e ainda tem os emprestados.

Bom... vou parando por aqui minha gente, com tanta agitação, fiquei cansada. Até mais!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tudo igual mas diferente

A sensação que se tem aqui em Carajás é que nada muda. Tudo parece não se mover. Até a água da chuva, que se caisse no Rio de Janeiro, por exemplo, iria inundar a cidade, deslizar encostas, derrubar árvores, entupir ralos, fazer subir até o Canal do Jardim de Alah que vai pro mar, até este dilúvio de água não consegue mudar a paisagem. Ah! Com exceção de uma outra ávore que cai na estrada que vai pro Peba, não há sequer uma poça d'água depois da chuva.

Pelo fato de estar num platô e ter sido inteligentemente construído, o Núcleo de Carajás manda toda a água que cai dos céus pra baixo. Parauapebas é que sofre, pois fica no pé do morrão.

Bom, mas hoje fiz uma coisa diferente. Fui me matricular numa aula de violão. Depois que o Marcelo nos deu, pra mim e pro Beto, um violão de presente, tenho pensado em não o decepcioná-lo e começar a arranhar umas notas. Na verdade, sempre tive vontade de aprender, mas sabe como é... Então hoje fiz meu dia diferente e enfrentei os dedos duros, a voz enferrujada e o violão quase mofado.

Posso dizer, que apesar de ter saído meio torta da aula (hora e meia de puro contorcionismo), não fiz feio, acho que há esperança. Estou cheia das tarefas e de agora em diante eu vou modificar o meu modo de vida (só pra homenagear nosso Roberto Carlos). Vou botar música neste mato sem cachorro.

Então, me aguardem.
Beijo

domingo, 19 de abril de 2009

Comentários





Sou uma blogueira mesmo de primeira viagem. Só agora vi os comentários de meus primos João e Sérgio, o que me deu uma grande alegria e vontade de escrever mais.

Quando vai chegando perto da minha folga (20 x 10, ida pro Rio, oba!) vou ficando meio impaciente com algumas coisas, e hoje, pra escapar também da falta de energia que deixou o dia no Núcleo ainda mais silencioso, resolvi que iríamos ao Zoo.

Não digam que é programa de índio porque eu vou ter que concordar. Sabem quem nós encontramos por lá? Um índio e uma índia Xicrin, obviamente não estavam pelados o que nos deixou um pouco mais a vontade em chegar perto e conversar. E foi o que eu fiz embora Beto ficasse me puxando pra ir embora. Ele deve ter suas razões, mas eu estava muito interessada em levar um papo com eles.

O índio falava conosco um português de iniciante e uma outra língua, talvez o tupi-guarani, com a índia. Esta só mostrou pro que veio depois que começou a fazer umas tatuagens nas moças. Que habilidade! Rapidamente ela pintava e desenhava usando um pauzinho que passava na mão-palheta cheia de jenipapo.

Pois então, informo aos leitores deste blog, Jenipapo, em tupi-guarani, significa "fruta que mancha ou de fazer tintura, fruta que serve para pintar". Tudo comprovado. Ele pinta que é uma beleza! O que escreveram nos livros está conferido ao vivo e à cores.

Quanto ao índio, vendia tacapes, arco e flexa de brinquedo e um enfeite pra cabeça. Ele observava e dava o preço das coisas. Tinha aquele jeitão de índio dos livros e até uma cara simpática. Comprei um enfeite pra cabeça, tentei arrancar-lhe mais algumas palavras mas acho que ele só aguardava a índia terminar o serviço pra pegar sua canoa e descer o rio. Ou quem sabe, segundo o Beto, pegar sua D20 e descer a estrada para o Peba.

Nunca se sabe o que acontece por estes lados de cá. Este Brasil daqui é uma surpresa todo dia. E a pergunta é: até quando poderemos nos encontrar com índios falando suas línguas e vendendo seu produto?

Voltei pra casa com a sensação de ter conhecido o Brasil do passado, o mesmo que trocou suas riquezas por poucos reais.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Rain Forest

Now I know exactly what it means!!!

No início do mês resolvi anotar no calendário de 2009 os dias que chovem em Carajás. Comecei marcando no dia 18 de março e sabem que não parei mais? Apenas 8 dias em um mês não teve chuva. Sendo assim, a partir de agora, vou inverter a marcação, certo?

Hoje, fiz um dia diferente, resolvi mexer no jardim. Prometi a mim mesma que não faria isto, mas quem aguenta lidar com estes jardineiros de Carajás? Eles já tem um esquema montado a anos e não querem fazer diferente. Só trabalham com ajudante e cobram duas diárias, mesmo você dizendo que não quer dois jardineiros e que não se importa de ter o serviço dividido em outros dias. Tô de saco cheio, já discuti com dois e foi aí que resolvi botar a mão na massa, ou melhor, na terra vermelha. Sim, a terra aqui é vermelha por causa do ferro, sendo assim, depois que dei por acabado o serviço de jardinagem (minha lombar gritava), tive que esfregar muito minhas mãos pra perder o tom carmim.

Muito bem, acho que vou ter que repensar esta coisa de jardinagem.

A tarde fui ao "Peba", que vocês já conhecem muito bem, principalmente debaixo d'água. Bom, hoje estava tudo empoeiradamente seco, muitas motos pelas ruas e o trânsito até que bom. Como quem faz a lei por aqui é a galera, de vez enquando há um certo caos, mas tudo muito organizado.

Fui a famosa LEOLAR, loja tipo departamento onde você encontra de várias coisas. Confesso que fiquei surpresa com a organização para pagar uma mercadoria. Comprei uma frigideira (pretendo fazer uns bijus) e perguntei onde devia pagar. Imediatamente a vendedora pegou o produto, foi até um terminal de computador, perguntou alguns dos meus dados, preencheu o cadastro e disse para eu me dirigir ao caixa. Chegando lá, uma outra moça pegou meu cartão de crédito e tirou uma notinha. Depois disso, fui até um outro balcão onde se achava minha frigideira. Apresentei a notinha a uma outra moça que colocou-a num saco plástico com lacre.

Tudo bem que organização é fundamental, mas este circuito me irritou. Não é a toa que as pessoas dizem que perdem mais tempo pagando do que comprando. Viva a Americana Express, que pelo jeito não vai implacar por estas bandas.

Ah! Esqueci de dizer que a LEOLAR é tão popular nas cidades paraenses, que ao invés da placa benvindo a Curionópolis, ou benvindo a Eldorado dos Carajás, você lê benvindo a LEOLAR. A danada, além da organização exemplar ainda tem um marketing infalível. Parabéns Leo!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Carimbó, diretamente da Baía de Guajará, Belém do Pará!!!

Só pra distrair vocês um pouquinho, lá vai a dança mais dançada pelos Paraenses.

É pai d'égua sô? (sentiu os sinais multiculturais?)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Belém do Pará

Depois de um mês de Carajás, voamos pra capitá. Por um triz não ficamos em Marabá (comprei passagem aérea pro dia errado). Mas continuo achando que a GOL anda levando vantagem com o horário de 0:10h. Dia 09 ou 10? Me ferrei pois era 10 de abril. Segundo a vendedora GOL, não é o primeiro caso, nem será o último. Fazer o que? Pagar pela bobeada e esperar ter aprendido.

Esquecido o prejuízo, "mergulhamos" de cabeça nas águas da Baia de Guajará, que banha Belém e outras cidades. Impressionante o volume de água. Apesar de barrenta, pois carrega material orgânico de longe, sua beleza está na correnteza e na riqueza que traz aos povos ribeirinhos. Por ali, ninguém passa fome, a quantidade e diversidade de comida é flagrante.

No Ver-o-peso, principal mercado de Belém, o pescado, recém chegado do rio, está à mostra para os fregueses que passeiam entre os balcões. Filhote, Arraia, Tucunaré, Dourada, Pescada Amarela, Pargo, eis aí alguns deles que saboreamos num dos almoços.

As frutas são das mais exóticas, pelo menos para nós turistas do Sul Maravilha que ainda não sabemos de nada sobre as maravilhas do Norte. Se não estamos atentos, os nomes se embaralham em nossas cabeças e Miriti sai Tururi, ou então Tucupi, que não tem nada a ver com o pato, ou melhor, tem sim, é o Pato ao Tucupi, que comi e gostei. O Tacacá ficou pra depois, pois a tapioquinha entrou na frente.

Bom, mas o fato é que o Brasil não faz idéia desta biodiversidade, que não é só de fauna e flora, mas do Paraense, que forte e atarracado, sabe o que quer e defende seu pão de cada dia com toda criatividade: da produção de um viagra natural por exemplo, mistura de ervas que levanta qualquer "defunto", às pimentas arrumadinhas pra foto do gringo ("Pra tirar foto tem que pagar dois reais moça!").

O Paraense é dono real da terra, e sabe disso. Faz dela o que bem lhe apraz, traz nas veias a sabedoria do índio, as artimanhas portuguesas e, com um jeito todo seu, dribla a colonização francesa, deixando pra escanteio os imponentes prédios dos grandes ciclos.

Vi riquezas arquitetônicas brigando contra os maltratos do tempo e o descaso das autoridades. Vi, ainda, sinais de resistência de uma cultura ainda viva, vez por outra encontrada nos escombros dos sítios arqueológicos. São as histórias marajoaras contadas em suas cerâmicas.

A cerâmica Paraense é belíssima e em meio ao esgoto a céu aberto de Paracuri, em Icoaraci, encontramos a trajetória daquela gente que luta pra não ficar esquecida e que, apesar da vergonha, ainda se declara artesã. Seu José Pinto, diz que um convite para uma exposição do seu trabalho na França, ficou esquecido na gaveta de um funcionário público, porque no Pará, artesão é sinônimo de desqualificação.

Belém do Pará, uma cidade de grandes contrastes, mas com um potencial gigantesto para ser a mais visitada cidade do Brasil. Um lugar que apesar dos desgovernos ainda impera a Floresta Amazônica que dita os destinos da gente Paraense.

Apesar de apenas três dias, pude sentir a força daquele povo e a beleza de sua terra. E ainda de presente, ganhamos momentos de preciosa intimidade com nossos amigos da inesquecível Bahia. Valeu Victorassos!!! A gente vai continuar tendo boas histórias pra contar. Beijo, Miriam







quarta-feira, 8 de abril de 2009

I'm back


Muita chuva me aguardava. Aliás, toda a chuva que não caiu em Sergipe durante o ano todo, está caindo aqui num só dia. É impressionando o volume de água que cai dos céus, sim, porque um único céu não produziria tanta água.

Tudo aqui é exagerado, a começar pelo céu enorme que à noite é cravado de estrelas. Pena que no Núcleo tenha tantas luzes. É preciso escolher algumas vielas, entras as ruas maiores, para fugir da iluminação e, assim, se surpreender com o céu pintadinho. Imaginem se a VALE criasse um dia na semana para que todas as luzes fossem apagadas? Já sugeri.

Como ainda me surpreendo como algumas coisas por aqui, não resisti à lua que surgiu às 6 da tarde. Sim, é a mesma lua que vocês estão vendo aí pra baixo, quase cheia, mas toda branca, brilhante. Espero que a tenham notado, senão, ainda é tempo, vão até a janela, ou desçam à rua, façam alguma coisa, porque apesar de sua presença rotineira, ela está inspiradora. Vaí aí a foto que tirei do jardim, assim que ela pulou nos meus olhos.

Beijo, Miriam


domingo, 5 de abril de 2009

Primeira folga, obaaaaaaaaaaaaaa!

















Estranhando as paisagens? Isto é Rio de Janeiro, minha gente!

Depois de matar a saudade da família e verificar que nossa casa estava do jeito que deixei (meus filhotes não brincam em serviço), peguei minha bicicleta e fui ao encontro do mar. E tudo estava lá, no mesmo lugar: o marzão imenso e convidativo, os banhistas, os ciclistas, os sem teto, os cachorros, os pescadores, até Drummond de óculos e Caymmi. Sem tirar nem por, tudo está no seu lugar.

Encostei minha bike no Arpoador, parada estratégica e obrigatória, respirei fundo, o mais que pude, bebi uma água de coco e, então, sentei e contemplei esta natureza prima irmã de Carajás. Difícil compará-las mas na intimidade a gente percebe o quanto elas tem em comum. A paz reina, apesar de tudo, porque quem governa mesmo é a natureza.

Rio, cheio de bossa, minha pátria, mãe gentil, agora volto, acabou a folga, mas volto revigorada, com o coração ainda maior porque cheio dos meus filhos, minha família e meus amigos.

Até a próxima.