domingo, 31 de maio de 2009

Nada de florzinhas





Este negócio é mesmo pra meninas, quero dizer, casinha, jardins, comidinha gostosa, tudo limpinho e arrumadinho. Tudo muito bom, maravilhoso, fundamental, mas isto tudo contrasta com o mundo muito diferente da mineração, que de delicado não parece ter nada, talvez alguns comportamentos essenciais ao relacionamento humano, talvez algumas tarefas menores, mas a grande tarefa de extrair, e não acho palavra mais apropriada, o minério da natureza, esta é violenta, agressiva, monumental, impressionante.

Os geólogos tem seu dia, 30 de maio pra quem não sabe, e todos os anos comemoram com eventos especiais e uma festa, o geogole, que agrega não só geológos mas amigos e simpatizantes da causa geológica. Pois bem, a festa foi ontem, e como era de se esperar só acabou quando não tinha mais uma garrafa de cerveja em pé. Ponto final, todos vão trôpegos até o próximo bar, bebem mais umas, e se dão por vencidos ou vencedores de uma façanha que é mostrar pra o que vieram.
Quinta e sexta-feira estas criaturas estranhas por natureza, incluiram na comemoração, visitas a algumas vilas próximas a Carajás. Pude acompanhá-los na sexta e foi aí então que testemunhei os fatos.

Um dos caminhos às vilas passa por dentro da mina de ferro. A estrada que chega até lá é sinuosa, esburacada, lamacenta, vai num sobe, desce que impossibilita qualquer Clio 1.0 de pensar em se aventurar por ali. Mas o que surpreende é a dimensão do negócio, acho que esta é uma boa palavra pois é dali que a Vale tira a maior parte de sua receita.
As estruturas são gigantescas e se acomodam nas entranhas da ex-floresta aproveitando sua silueta arrojada e proeminente que ainda mostra seu verde às margens da grande cava. As esteiras carregam o minério lembrando um parque de diversões, principalmente pela aventura e o risco das precipitações, que no final acabam por jogar nos vagões de trem o resultado do tamanho da força e desafio do homem.

Decididamente, isto não é coisa pra meninas, que as feministas me perdoem, mas quem inventou este negócio de mineração, foi o menino mesmo, sempre desafiando as forças da natureza. É uma briga sem fim, e o geólogo diz que não há limites, o futuro está no espaço, nos outros planetas, nas estrelas, quem sabe no sol.

Quem viver verá, enquanto isto vou colhendo minhas florzinhas no campo, e registrando outras no meio deste inexorável caminho do homem à dominação.


Seguem duas fotos da presença dos geólogos nas escolas. Afinal o conhecimento tem que ser passado a diante e quem sabe novos geológos apareçam pra engrossar esta raça de bichos do mato que numa simples 'pedrinha' lêem uma história de milhões de anos.



quarta-feira, 27 de maio de 2009

Hollywood é aqui ...

... e o Wolverine (Hugh Jackman) está muito lindo no telão!!!

Em outros tempos, obviamente, eu não iria ao cinema para ver X-Men, muito menos, the origens, mas por falta de outro filme, de outro cinema, lá estava eu, e o Beto. Ele, cinéfilo daqueles que vê o mesmo filme trocentas vezes, gostou da única opção cinematográfica para uma terça à noite, e além do mais o filme está em cartaz em todas as capitais. Não seria um absurdo deixarmos de contribuir com a big bilheteria do blockbuster?

Pegamos nosso carro cinco minutos antes do início do filme, o suficiente para percorrer os mais ou menos um kilômetro do trajeto casa-cinema. Ecologicamente incorreto, certo? Errado, porque à noite todas as onças são pardas, então melhor não arriscar.

Chegamos ao Cine-teatro, uma obra bonita e imponente cercada de floresta por todos os lados. Surreal! No estacionamento já havia quatro carros estacionados. Para uma terça-feira, isto é surpreendente. Compramos os ingressos, que de terça a quinta é mais barato - R$ 4,00, passamos pela roleta (totalmente dispensável) e depositamos os ingressos numa urna. Tudo a moda meio antiga. Bacana! A fila da pipoca já estava formada e na sala de projeção as pessoas conversavam.

Em poucos segundos o filme começa e do início ao fim estou sob forte tensão. Wolverine e seus parceiros mutantes fazem toda-minha-ultimamente-estocada adrenalina, reaparecer, e fazer os batimentos cardíacos ultrapassarem todos os níveis estáveis de uma vida no mato.

Bom, se o filme valeu a pena? Sim, porque cinema em Carajás nunca será pena, e além do mais, tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Portanto, que venham outros X-Men que estarei brigando por um ingresso e se preciso for enfrentando todos os engarrafamentos do Núcleo.

Segue mais florzinhas que colhi pelo caminho hoje de manhã. Ainda bem que não tinha lobo mau por perto.


segunda-feira, 25 de maio de 2009

Verão chegando






Um jarro de flores naturais é algo que ultimamente vem me encantando. Comprei um vaso de pedra sabão em Lavras Novas, MG, e não havia encontrado as flores ideais para ele. Tentei algumas flores artesanais, pensei em algumas outras opções, mas nada me convencia para uma estética ideal. Então o vaso veio pra Carajás vazio, sem graça e encontrava-se solitário num canto do móvel. Cheguei a colocar uma planta dentro dele mas pior não podia ter ficado, ele é redondo e pedia algo leve para suavisar sua planetária presença.

Estes dias andei andando muito pelo Núcleo, excelente para caminhadas, não entendo porque as pessoas ainda pensam em comprar esteiras para suas atividades aeróbicas. Uma volta inteira leva aproximadamente 45 minutos, se quiser ir zigue-zagueando pelas ruas, levará mais tempo mas poderá apreciar os jardins e varandas que recebem de seus donos toques especiais e reveladores das mentes e corações habitantes. É muito interessante ver tantas mesmas casas com personalidades tão diferentes.

Mas enfim, um dia sem chuva, ou melhor dois dias sem chuva! Wow, por onde andam as nuvens carregadas e o céu pronto pra desmontar em cascatas?! Mais eis que de repente, atravessando uma rua, chego à calçada e uma cerca viva captura meus olhos. Me aproximo e o que vejo são delicadas flores, muito oferecidas por sinal, saltitantes por cima da folhagem. Chegou o verão, primavera por aqui não existe, e sem chuva as frágeis florzinhas acontecem sem medo do risco.
Não tive dúvida, elas eram as flores que faltavam no meu vaso vazio. Imediatamente as colhi, ainda bem que o IBAMA não estava por perto, e levei-as para casa. Não precisei de muito arranjo para colocá-las dentro de um copo d'água açucarado e depois dentro do vaso. Do jeito que as coloquei, assim elas ficaram, e eu não poderia deixar de mostrar o resultado aqui. Então, deleitem-se agora porque não sei quanto tempo elas vão durar, mas que sejam infinitas enquanto durem.


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Lembrei que tem uma foto dos ouriços no texto de Belém do Pará

Orgânicos - continuação

Minha filha hoje ficaria orgulhosa da mamãe aqui. Comprei banana orgânica!!! Do jeitinho que ela compra na feira da Glória, pequenas, feiosas, mas suculentas e totalmente desprovidas de pesticidas. Um deleite total para os naturebas. E viva o verde!

Bom, hoje fui a feirinha que tem no centro de Carajás para comprar tapioca. Yes, por aqui também tem biju e do jeitinho que se vende na Bahia, por litro. Aproveitei para trocar umas idéias com a senhora Francisca e acabei contratando um escambo. Próxima semana trocarei terra vegetal por roupas. Acreditem se quiser, mas isto aqui é outro mundo. Haviam me falado sobre esta senhora e do inusitado comércio, fui então conferir. Negócio fechado e agora só preciso arrumar umas roupinhas ou toalhas de banho pra permutar com a terra vegetal que irá direto para a horta e o minhocário.

Nesta feirinha a gente encontra outros produtos como mandioca, laranja, maracujá (8 por R$3,00, uma pechincha), jambu. Pois deixa eu falar um pouco mais desta verdura pra lá de paraense pois é utilizada nos principais quitutes daqui: pato ao tucupi e o tacacá. E segundo o Wikipédia, até em pizza cai bem na mozarela, além de trimilicar os lábios de seus comensais. Seja lá o que isto quer dizer, deve fazer muito bem porque os Chineses não dispensam a especiaria. Qualquer dia vou comprar o jambu e lhes conto qual foi a reação dos meus lábios.

Mas voltando a feirinha orgânica, que não tem toda a fama da feirinha da Glória mas as semelhanças são muitas, solicitei também a Francisca uns ouriços. Não se assustem porque não é o que estão pensando, ouriço aqui é o fruto da castanheira. Ele também é redondo mas não espeta. Tem um buraco e dentro ficam as castanhas que são as sementes. Retirando suas cascas grossas e que dão o maior trabalho, encontramos o que se pode e deve comer. Rica em selênio, a castanha tem poder anti-oxidante e os entendidos andam recomendando três por dia pra gente poder morrer saudável.

Preciso andar com minha máquina em punho. Nada como matar a cobra e mostrar o pau. Opa! Esta expressão é totalmente incorreta por aqui. Mas falando em animais da floresta, sabiam que a cotia é a principal plantadora de castanheiras da floresta? Aliás ela é responsável pela plantação de várias árvores, ela não pode ver uma sementinha que já vai esconder debaixo da terra, se brotar vira refeição, se por acaso a cotia esquecer de voltar ao lugar onde a plantou, vira árvore.

E por hoje chega de cultura amazônica! O sono bateu e garanto que as cotias foram pra cama. Só ouço agora o som dos grilos. Até mais.

domingo, 17 de maio de 2009

Orgânicos


Depois de muita luta pra conseguir um local e os ingredientes necessários para uma horta, plantamos hoje as primeiras mudas de verdura. Consegui com um dos vizinhos distantes algumas mudinhas de couve e com os vizinhos próximos, que conhecemos hoje, hortelã e (quem diria!?) taioba (obviamente fui apresentada a ela com historinha de avós e tudo).

Algumas pessoas por aqui tem horta em casa, mas toda à atenção tem que ser dada as cotias que adoram brotos. Sabiam que elas pegam os carroços de abacate, manga ou outra fruta, enterram e quando aparecem os primeiros sinais do broto, retornam para se deliciarem com a nova plantinha? Isto me faz lembrar os novos quitutes naturebas que são os ' sprouts' (brotos), vi algumas lojas no Canadá onde plantam sprouts até pra gatos. Achei que isto era uma novidade mas a natureza vem fazendo isto a muito tempo, nós é que estamos atrasados. Energia vital vem mesmo dos brotos! (Acho que isto vale também pra raça humana, o que acham?)

Sendo assim a manhã foi totalmente sócio-natural, eu diria. Começamos nossas primeiras relações sociais com os vizinhos e ainda de quebra iniciamos uma relação orgânica com nosso quintal. Até então era a luta jardineiros x minha pessoa, irritada e impaciente com a incompentência e abuso local.

Acho que estamos no caminho certo da auto-sustentabilidade porque pra completar, um minhocário está em processo. Descobri que não podemos trazer animais que não são endêmicos da região, e até pensei em como seria para fazer um minhocário, já que o meu fornecedor de terra vegetal, que se disse ser conhecedor de técnicas agrícolas, negou a existência de minhocas na floresta. Estranhei, mas como tudo aqui é possível, pensei que talvez a minhoca estivesse preferindo também o asfalto. Bom, mas remexendo a terra trazida pelo sujeito citado acima, descobri algumas, e estava SEM óculos, o que me faz pensar que: ou o cara é cego, ou um contador de histórias, pra não dizer outra coisa.

Vou lá fora agora tirar uma foto da horta, e não estranhe o design, é horta mesmo e não cocho, porque não pretendo e nem posso criar um bezerro por aqui.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

The book is on the table again

Voltei minhas atividades linguísticas, ou seja, meus alunos estão sofrendo nas minhas mãos. Digo isto não por desmérito próprio mas porque acho que sou das antigas. Tem que fazer paracasa, ler um livro por semana, assistir a filme, fazer apresentação, ouvir CNN, e durante a aula não pode respirar. Opa! Agora fiquei preocupada, será que eles vão me aguentar?

Bom, mas voltando a falar de flores (já notaram que esta é uma boa forma de sublimar os problemas?) ontem fui a floricultura do núcleo e achei muito chic poder escolher as flores que desejo comprar num catálogo. Isto é Carajás! Você chega na loja tem só meia dúzia de flores e metade disto de vasos, aí vc fica desanimada e a depressão chega. Mas aí vc começa a conversar com a vendedora, que tem todo o tempo do mundo e lhe dá maior atenção, e descobre que as plantas vem de Holambra por encomenda. Vc escolhe num belo e colorido catálogo e em quatro dias recebe as belezuras. Estranho, né? Sinto-me na fazenda comprando enlatado. Mas gostei da experiência e pretendo voltar mais vezes à loja. Nada como estas facilidades de cidade grande. Qualquer dia estou até mandando flores pra vcs!!! Me aguardem.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

What a nice surprise!!!




Ufa! Aí estão algumas das orquídeas encontradas no Jardim Botânico. Felizmente o blog e a Vale continuam me permitindo fotos e vídeos. Sendo assim, logo que a chuva pare, poderei continuar minhas atividades jornalísticas por estas bandas do norte. Por ora, estou apenas colocando minha rotina em dia, mas só o suficiente pra não perder o prumo. Volto em breve com notícias (espero que boas).


segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sintonia fina

Liguei meu rádio e ainda não consigo sintonizar minha estação favorita. Depois de dez dias sem chuva, temperatura de outono, aconchego dos filhos, família e amigos no Rio, só alguns dias me farão recompor e voltar a sintonizar novamente. Por ora estou fazendo uma força danada pra não quebrar o rádio.

Ainda por cima me parece que este blog não vai aceitar mais fotos e vídeos. Ou será a Vale mais uma vez restringindo. Vou precisar checar num outro computador porque minha esperança de ter internet própria também foi por água abaixo. O conexão do modem da TIM que comprei chega do sul maravilha de jegue. Será que chega?

Bom, mas pra não dizer que não falei de flores, uma das coisas que fiz na folga foi ver orquídeas no Jardim Botânico. Se pudesse colocaria aqui algumas fotos.Que coisa mais linda todas aquelas variedades, algumas que jamais tinha visto. Andar por aquele Jardim e testemunhar tantas maravilhas da natureza não me fez em nenhum momento pensar no meu mato sem cachorro. Inexistente.

Pedalei pela ciclovia, caminhei pelo Arpoador e tomei aquela água de coco gelada que me esperava fazia 3 semanas. Doce como pensada e energética como requerida.

Estas foram as primeiras providências depois de beijar o solo carioca e abrir os pulmões pra todos os ares urbanos.

As segundas providências depois de encher a geladeira com o rango da semana, verificar se tudo estava no seu lugar dentro de casa e programar alguns encontros com a família, abri o journal e procurei o que sabia encontrar de sobra. Difícil decidir dentre tantas coisas legais pra ver. Duas delas cito aqui como sugestão:a peça 'Gloriosa' com Marília Pera (agora só em SP)e uma esposição no Centro Cultural da Justiça Federal. E que lugar bonito este Centro!!! Quem nunca foi, vá e não deixe de ver o salão dos juízes. É uma bela viagem ao passado.

Pois bem, fechamos a semana com um encontro do dia das mães. Abraços, beijos e um até junho quando nos veremos de novo.

Então tá né, fazer o que?

Opa! Aumenta a música que tá começando a tocar no rádio.