segunda-feira, 30 de novembro de 2009

E ele vem que vem

Novembro está indo embora e quem me diz são as muitas luzes natalinas espalhadas por Carajás.

Quem pensava que em algumas casas não morava ninguém ou que a monótona rotina anestesiava os corações... você está muito enganada, viu? Ontem e hoje conheci um pouco das almas reinantes neste mato sem cachorro. Vi que o brilho dos olhares com quem não cruzei estão à mostra nas mais diversas fontes de luz que cobrem jardins, árvores, varandas e até telhados.

Nunca pensei que fosse ver em Carajás um presépio na porta de uma casa, ou um Papai Noel gigante convidando o curioso a fazer o seu pedido de Natal, ou uma árvore salpicada de bolas coloridas na frente da casa do Incrível Hulk. Sim, já explico, esta é a casa que tem seu jardim iluminado de verde durante todo o ano. O povo como gosta de uma piada...

Mas voltando às luzes, está tudo muito diferente por aqui, as casas perderam seu aspecto pasteurizado e ganharam vida própria, personalidade, uma importância de quem não tem problema com auto-estima.

Continuo surpresa, acho que menosprezei a criatividade e ousadia dos residentes e a cada piscar de luzes, vejo um sinal de que os corações por aqui são mais pulsantes do que eu supunha, basta ter um motivo e as demonstrações vem ao vivo, a cores e sem economia.

Estou feliz por ver que o Natal por aqui vai ser marcante, e por isto vou pedir ao Papai Noel que cuide bem do Tucuruí porque o Itaipu pisou na bola e não merece presente de Natal. Vou pedir também que muitas luzes nos iluminem neste dezembro que parece apressado pra virar sua página neste fim de calendário.

Ah! Peço perdão pela falta de foto, mas amanhã sairei de máquina em punho pra registrar o dito.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Aterrizagem forçada


Aqui estou eu novamente diante desta folha em branco, melhor dizendo em preto, que pode até não passar em branco, e isto me lembra que alguns leitores podem estar pensando que debandei de vez deste mato sem cachorro. Nana nina não, sou osso duro de roer, e apesar de uma aterrizagem quase impossível da TRIP (nossa outra opção de escape), o avião pousou sob olhares nervosos e mãos trêmulas.



Chegamos de uma viagem maravilhosa entre França e Grécia, tudo praticamente perfeito não fosse a gripe que o nosso querido geólogo pegou depois de um mergulho nas águas do Mar Egeu, em meio a caldeira do vulção de Santorini, num hot spring cristalino mas nem tão hot assim. Para os leigos em conhecimentos vulcânicos, (veja só, já até me considero uma especialista) hot springs são fontes de água quente próximas a vulcões.



Pois bem, voltando ao assunto gripe, terminamos nossa viagem em meio a tosses e espirros, mas nem por isto sem emoção. Fechamos o circuito em Paris, no Louvre com Monaliza, e aproveitando para por as "mãos na Liza", nossa querida filha que chegara com seu marido.



Mas isto me lembra a bobagem que eu fiz apagando nossas fotos do dia. Ainda não descobri meu problema, mas de repente, mais que repente, eu dou um sumiço em fotos super, hiper, tremendamente importantes. Talvez Freud nem explique. Já me matei várias vezes mas continuo errando. Sem solução, vou levando a vida, afinal, são apenas fotos, e como diz minha outra filha Barbara, "mãe pára de tirar tanta foto, deixe algum momento pra memória". Memória... que memória? Ela acha que eu tenho a idade dela!



Eu estava falando sobre a aterrizagem forçada, e não me entendam mal, eu até queria chegar em casa. Foi o piloto mesmo que quase desiste de pousar em Carajás. Uma grossa camada de nuvens, nesta época muito comum pois daqui a pouco começa inverno, cobria a floresta e não dava pra ver nada lá embaixo.



Normalmente entre Araguaina e Carajás leva-se 35 minutos de voo, mas desta vez foram mais de uma hora. O avião rodou não sei quantas vezes nas imediações e quando o piloto avisou que iria pousar, todos olharam para os lados se perguntando "mas como, pelo amor de Deus!?".



E foi assim que cheguei. Nosso geólogo quase curado da gripe, estava num belo horizonte, felizmente, melhor que apenas um dos cônjuges morresse. Vira esta boca pra lá!



Bom, finalizando, se quiserem entender esta aterrizagem forçada como uma metáfora, problema de vocês. Eu, apesar dos quinze dias europeus, senti muita alegria ao pousar no meu Rio e depois, neste mato denso, viva o piloto!