quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tem cada uma...


Desci a rua na maior velocidade montada na minha bike. As calças de ginástica arregaçadas, os tênis dentro da cestinha junto com a bolsa e a garrafa de água, os cabelos molhados, o protetor solar já sem efeito, os olhos apertados do sol – esqueci os sunglasses, e um estômago gritando de fome.

Apesar de tudo isto, sentia que estava novinha em folha: o corpo malhado depois de 1 hora e meia de academia, os cabelos brancos apagados pela mágica do tonalizante e as unhas arrumadas.

Sim, unhas arrumadas. Por aqui ninguém faz as unhas, as mulheres arrumam-nas. E pensando bem, isto faz sentido. Fazer unha é coisa pra doutor na cirurgia, caso o paciente tenha sofrido um acidente, perdido os dedos e as unhas. Então, o cirurgião teria que fazer tudo de novo, numa plástica delicada, minuciosa, até ficar tudo no jeito. Fazer unha, dirão os religiosos, só Deus. Quem sabe o pintor, com sua palheta colorida e seus pincéis diferenciados, fazer as unhas da figura é essencial para finalizar um corpo humano.

Pois bem, até que achei very smart esta expressão paraense: arrumar as unhas. Sim, porque elas estão sujas, grandes, tortas, cheias de cutícula, saindo pelinha pra todo lado, que horror! Tem que dar uma ARRUMADA.

Pra levar menos tempo no salão, marco logo uma equipe pra acabar rápido o serviço. E assim, toda torta na cadeira, mãos na mão de uma, pés nas mãos de outra, e cabelo em outras duas mãos, lá estava eu “em nó”, segundo uma das manicures. Felizmente não era “cego”, disse ela: “Já pensou ter que desatá esta muié?”

Então, acaba a arrumação, pago, agradeço o trabalho bem feito, volto pra casa correndo na bike, descabelada, suada, faminta mas de pés e mãos arrumadérrimos. Imagine só... até ousei arrumar um vermelho no pé!