quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Condensado



Mais de uma semana se passou e assunto não veio, melhor dizendo, veio mas a inércia foi maior e os dedinhos digitantes estão entrando no ritmo devagar-quase-parando da região. Tento reagir mas a coisa é forte e a rede fica ali me olhando e pedindo um corpo mole e um balanço maneiro. É claro que sem um bom livro não dá pra encarar a indígena e por isto tenho lido como nunca. Pelo menos vou sair mais letrada deste mato.

Bom, vamos dar uma atualizada pra não parecer que estou sem fazer nada por aqui. Estou andando, andando muito e assim outro dia esbarrei com uma legião de Quatis com seus rabos levantados que ficou difícil de identificá-los à distância, mas chegando mais perto pude ver toda a gangue cavando o chão pra pegar umas sementes. Algumas pessoas que passavam perto pegaram seus celulares pra registrar a cena e uma mãe desacelerou o carro para seus filhos apreciassem um simba safari inesperado.

Só aqui mesmo se tem estas surpresas. E outro dia, um casal que encontramos no pub e que já mora em Carajás há 3 anos, disse que o oftamologista, examinando os olhos de seu filho, mostrou um cachorro e perguntou pro menino o que ele via. Ele prontamente disse 'cotia, claro!'.
Pra quem ainda não sabe o verdadeiro significado do nome do blog, acho que chegou a hora de dizer: em Carajás não se pode ter cachorros (enganei todo mundo, hein?) Nossos pets são cotias.

Outra coisa muito interessante que fiz por aqui foi ir mais uma vez ao zoológico. Estou fazendo praticamente parte da família zoológica, já sei os nomes dos animais e fico triste quando não encontro a anta pelo mato. É que ela é o animal mais livre do Zoo, fica fora da jaula e a primeira coisa que todos querem ver é ela solta na vida. Pois não a encontrei desta vez, mas uma borboleta me surpreendeu pousando demoradamente para uma sessão de fotos. Quanto às onças, estavam todas juntas, as duas fêmeas e o macho velho, e nem se atracaram.

Surpreendentemente a sala das orquídeas pode ser aberta e pude então apreciar a grande quantidade de orquídeas amazônicas. Os orquidófilos ficariam babando apesar de apenas duas delas estarem floridas.

Depois fui a sala de sementes e insetos da coleção do Zoo. Tudo muito arrumado, caprichado, novíssimo. Só falta divulgação. Sugeri ao funcionário ampla divulgação mas parece que as coisas por aqui andam mesmo muito devagar e, talvez, algum dia o Zoo esteja lotado com criança pra todos os lados a correr e fazer perguntas sobre aquela fauna e flora tão real na vida delas.

Outro dia aconteceu uma coisa que me deixou desconcertada e irritada. Estava caminhando, caminhado, quando decidi ir até uns dos portões de saída do núcleo para ir ao Zoo (esta é minha escapada cultura favorita), quando de repente o guarda que cuida da segurança da entrada me barrou dizendo que eu não poderia sair. " -Como não? Eu não posso sair do núcleo, estou presa aqui dentro?" e o guarda educadamente respondeu "-Não senhora, não pode sair a pé por causa dos animais que ficam ao logo da estrada". E eu, impotente, coloquei meu rabinho entre as pernas, e como um cãozinho acanhado, retornei pra minha condição de detenta. Ainda bem que temos um carro na garagem!

Ontem uma iniciativa rendeu uma tarde agradável, conversa boa e os primeiros contatos com a vizinhança. Fiz um café para duas vizinhas da rua (afinal, não posso entregar os pontos e me enterrar em casa). O papo rolou fácil pois tudo era novo para as três. Trocamos receitas como boas comadres mas também combinamos saídas pela região e outros encontros com mais gente. Afinal, a rua é grande e o clube das procurando-o-que-fazer-por-aqui parece em expansão.
Minhas seis músicas no violão estão quase perfeitas e a voz se afinando a cada dia. Vamos ver se quando as aulas recomeçarem semana que vem, o professor chega com gás e me ajuda a buscar um motivo real pra continuar tocando esta vida por aqui.

Vou ficar por aqui aguardando os fatos e que sejam os melhores, caso contrário ... sigo tentando.