Os finais de semana neste mato sem cachorro costumam ser muito repetitivos, ou seja, passamos em casa, assistindo TV, lendo ou inventando alguma outra coisa. Costumo sair para fotografar, caminhar... e é raro quando não pegamos o cineminha da semana, só mesmo quando o filme é infantil, dublado e desconhecido, caso contrário, nossa presença é garantida na "fila" da pipoca e da jujuba, docinho preferido do nosso geólogo.
Ah... esqueci de falar do mais novo programa da cidade de Parauapebas: o shopping, Unique. Pois então já adicionamos aos nossos entretenimentos, a ida ao shopping. E pasmem, porque estamos assistimos as estréias nacionais: Cilada.com, Assalto ao Banco Central, Harry Potter, etc. Nos sentimos praticamente numa cidade grande, pelo menos até chegar do lado de fora do shopping. É bem verdade que ainda faltam algumas muitas lojas para inaugurar, mas acho que isto é estratégia de marketing para levar as pessoas mais vezes ao shopping para conferir as novidades.
Mas ontem fizemos algo totalmente diferente, pegamos o carro e fomos ao Garimpo das Pedras, um vilarejo que pertence a Marabá mas que fica no alto e no meio da Floresta de Carajás. Qual é a novidade? O garimpo de amestista. Mas não é só esta a diferença. O lugar é bem pobre: as casas são de madeira, o comércio é precário, a estrada é estreita e de terra,e o acesso demorado. Apesar de tudo isto, muita gente de fora, digo, de outros estados, chegou por lá a alguns anos e faz dinheiro com a exportação de pedras.
Fomos direto a uma bica de água quente que brota da rocha no meio do mato, uma das diversões do lugar. Não resisti, e me coloquei debaixo dela pra receber o peso e calor da ducha. Uma delícia! Percebemos que a antiga piscina, feita de pedras, havia sido levada pelas últimas enxurradas, que pena! Na imaginação, um lugar perfeito para passar o dia com os amigos e família. Mas é preciso que os donos do lugar criem coragem para recuperá-la. Ah! Mas isto vai demorar. Ninguém tem presa por aqui.
Queríamos conhecer o garimpo, mas era domingo, e o trabalho é apenas de lavagem das pedras. Então conhecemos o Cumpadi Ele (talvez compadre Hélio), o Ziel (Oziel) e o Fapinha (dono de um dos barrantos do garimpo).
Pronto, já tínhamos o que precisávamos. No quintal de uma das casas, alguns homens lavavam as pedras da semana, prepação para a venda. Eram muitas, talvez uma tonelada. Já não estavam mais barrentas, com a luz do sol, o brilho e as tonalidades de roxo chamavam nossa atenção, mas os pés e mãos dos homens desviavam nossos olhos. Quanta dureza... talvez emprestada das pedras. Quanto maltrato.. com certeza vindo da exposição ao sol e do trabalho pesado. Vida bruta, tal qual a pedra, que segue o seu destino até os rostos e braços femininos que se exibirão em jóias.
Um dia realmente atípico. Ficamos de voltar para garimpar outras emoções.