segunda-feira, 25 de julho de 2011

Garimpando









Os finais de semana neste mato sem cachorro costumam ser muito repetitivos, ou seja, passamos em casa, assistindo TV, lendo ou inventando alguma outra coisa. Costumo sair para fotografar, caminhar... e é raro quando não pegamos o cineminha da semana, só mesmo quando o filme é infantil, dublado e desconhecido, caso contrário, nossa presença é garantida na "fila" da pipoca e da jujuba, docinho preferido do nosso geólogo.

Ah... esqueci de falar do mais novo programa da cidade de Parauapebas: o shopping, Unique. Pois então já adicionamos aos nossos entretenimentos, a ida ao shopping. E pasmem, porque estamos assistimos as estréias nacionais: Cilada.com, Assalto ao Banco Central, Harry Potter, etc. Nos sentimos praticamente numa cidade grande, pelo menos até chegar do lado de fora do shopping. É bem verdade que ainda faltam algumas muitas lojas para inaugurar, mas acho que isto é estratégia de marketing para levar as pessoas mais vezes ao shopping para conferir as novidades.

Mas ontem fizemos algo totalmente diferente, pegamos o carro e fomos ao Garimpo das Pedras, um vilarejo que pertence a Marabá mas que fica no alto e no meio da Floresta de Carajás. Qual é a novidade? O garimpo de amestista. Mas não é só esta a diferença. O lugar é bem pobre: as casas são de madeira, o comércio é precário, a estrada é estreita e de terra,e o acesso demorado. Apesar de tudo isto, muita gente de fora, digo, de outros estados, chegou por lá a alguns anos e faz dinheiro com a exportação de pedras.

Fomos direto a uma bica de água quente que brota da rocha no meio do mato, uma das diversões do lugar. Não resisti, e me coloquei debaixo dela pra receber o peso e calor da ducha. Uma delícia! Percebemos que a antiga piscina, feita de pedras, havia sido levada pelas últimas enxurradas, que pena! Na imaginação, um lugar perfeito para passar o dia com os amigos e família. Mas é preciso que os donos do lugar criem coragem para recuperá-la. Ah! Mas isto vai demorar. Ninguém tem presa por aqui.

Queríamos conhecer o garimpo, mas era domingo, e o trabalho é apenas de lavagem das pedras. Então conhecemos o Cumpadi Ele (talvez compadre Hélio), o Ziel (Oziel) e o Fapinha (dono de um dos barrantos do garimpo).

Pronto, já tínhamos o que precisávamos. No quintal de uma das casas, alguns homens lavavam as pedras da semana, prepação para a venda. Eram muitas, talvez uma tonelada. Já não estavam mais barrentas, com a luz do sol, o brilho e as tonalidades de roxo chamavam nossa atenção, mas os pés e mãos dos homens desviavam nossos olhos. Quanta dureza... talvez emprestada das pedras. Quanto maltrato.. com certeza vindo da exposição ao sol e do trabalho pesado. Vida bruta, tal qual a pedra, que segue o seu destino até os rostos e braços femininos que se exibirão em jóias.

Um dia realmente atípico. Ficamos de voltar para garimpar outras emoções.




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