quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ano Novo, vida nova

Vida nova pra Leda. Lembram-se dela? Rosileide, aquela que veio do Maranhão pra ganhar a vida no Pará. Aquela que lia manual de aspirador de pó e me emprestava seu celular quando eu ainda não possuia um. Pois bem, após 10 meses em Parauapebas, com casa própria construída num fim de semana, sim porque aqui se constrói rapidamente com algumas tábuas de madeira, lá vai ela de volta pro Maranhão, sua terra natal e de seus 5 filhos cuidados pela avó.

Sem mais nem menos ela junta os poucos pertences que acumulou, anuncia a venda da casa supervalorizada (investimento em terras e imóveis por aqui é retorno certo e lucrativo) e vai pra juntos dos seus filhos com um novo emprego de cozinheira numa cantina de empresa maranhense.

Fiquei feliz por ela e acho que aprendemos um pouco uma com a outra. Sua inteligência me surpreendeu e seu desprendimento me desconsertou. Para a maioria destes maranhenses que saem de suas cidades a procura de emprego no Pará, o pão de cada dia é ganho nas diárias que fazem em casas de família ou em empreitadas nas mineradoras. Não há tanto trabalho pra quem tem pouca escolaridade e a sobrevivência é uma conquista diária. Mas nem por isto eles se mostram desanimados.

Eu e Leda praticamos o respeito uma pela outra, e com muita honestidade e franqueza consegui mostrar que certos hábitos, como por exemplo, calçar chinelos da patroa ou levar frutas pra casa, não são compatíveis com o profissionalismo que se espera de uma empregada doméstica.

Lá foi ela com um currículo feito e impresso por mim que acho que a ajudou a se colocar melhor no mercado. Lá foi ela com minha recomendação de que seja o mais correta possível e procure sempre fazer o melhor. Lá foi ela com a certeza de que terá mais uma boa referência a ser incluída no seu currículo. Lá foi ela feliz ao encontro dos filhos e do emprego almejado.

E enquanto isto, Ronilda, recomeça sua vida fazendo diárias na nossa casa.

O mesmo aspirador que Leda manipulou com destreza, deixou Ronilda ressabiada, sem muita crença de que a máquina substituiria sua vassoura. Mas com os olhos arregalados de espanto me revelou ao usá-lo na sua primeira vez: -Dona Miriam ... mas o homem faz mesmo coisas incríveis!!! E a vassoura ficou esquecida num canto.

Conversamos um pouco, mas já pude perceber que é outra mulher de fibra. Seu gosto por limpeza chega ser obssessivo e a preocupação com a qualidade do seu trabalho é algo raro na categoria. Acho que estou com sorte.

Nós três, então, entramos o Ano Novo de pé direito e tenho fé de que estamos indo na direção certa.

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