sábado, 30 de janeiro de 2010

Pequeno balanço




Cá estou eu, sentada no 'Sá e Pimenta', depois de um delicioso caldinho de feijão mineiro e um café expresso 100% Arabic (assim falou a senhora muito gentil que me serviu à mesa). Cá estou eu, mais uma vez, descendo este Brasilzão em direção ao sul maravilha, com uma breve e providencial parada em BH. Estou me aclimatando de novo ao pó do asfalto, ao som do jazz que toca no ambiente, às pessoas apressadas pra pegar seus voos ou voltar para casa. Ainda estranho meu andar manso, meu sereno estado de espírito, com certeza adquiridos no planeta dos macacos. Cá estou eu tentando arrumar minhas idéias neste blog.

Saindo de Carajás no aerovale hoje de manhã me peguei imaginando uma cena futura quando eu estivesse deixando aquele lugar de vez, a última partida, e não pude deixar de admirar meu sentimento de tristeza e quase um aperto no coração. Pronto, o diagnóstico já havia sido dado: virose. Eu havia contraído o virus carajense e não havia remédio que o curasse, a não ser continuar em repouso, com boa alimentação, musculação leve, amigos pra trocar idéias, algumas aulas de inglês pra ocupar o tempo, trilhas na mata e muita, mas muita sabedoria pra não deixar o vírus se hospedar no cérebro.

Os seres humanos são muito estranhos mesmo, mas surpreendentes. Estou cada vez mais certa de que não há nada, mas nada mesmo neste mundo, que o homem/mulher, não seja capaz de se adaptar. De-lhes um mínimo necessário para sobrevivência e terão um potencial de vida brotando. Talvez nem precise de muito, visto que foi possível um hatiano sobreviver por 15 dias debaixo dos escombros no último terremoto.

Quem até pouco tempo enxergava o 'mato sem cachorro' como uma privação, agora começa a ve-lo como uma possibilidade de libertação. A gaiola nunca esteve fechada e continuará aberta, mas o passarinho agora transita leve, num entre e sai divertido. Não há mais presa pra sair, e a volta é certa, prazerosa e desejada.

Falando em entradas e saídas, mais uma vez o trem Parauapebas-São Luis, se mostrou uma grande escapada. Alcântara foi o novo destino e eu não poderia deixar de registrar o encontro com o mar e sua gente simples do tempo do Império. Muita história pra contar e a vontade de retornar aquele lugar estacionado no tempo, mas de uma paz e beleza inquestionável.

O novo horizonte, mesmo que fugindo da vista no balanço doido do barco que atravessa a Baía de São Marcos, se desponta como mais uma oportunidade, um desafio novo na busca pelo equilíbrio. O jeito é continuar com olhar num ponto fixo, e se o horizonte se move, é só uma questão de ponto de vista.

Um comentário:

  1. Mirian,
    Concordo totalmente com a capacidade que temos em nos adaptarmos a qualquer lugar ou situação.É também verdade que, no início, pode parecer ruim ou de difícil aceitação mas, com o tempo e alguma sabedoria, torna-se um prazer que culminará com um ganho de sabedoria e experiência.
    Bom saber o quanto você(s) estão aproveitando nesta temporada de idas e voltas da serra dos Carajás.
    Até uma próxima.

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