sábado, 31 de março de 2012

E no meio do caminho tinha uma castanheira


Hoje o tempo fechou, o céu está mais cinza que nunca, o silêncio é o maior que já ouvi, o ar está pesado apesar da leve brisa que insiste em dizer que a vida continua, a respiração está em descanso e dificulta o fluxo dos pensamentos, só uma pergunta ativa as conexões cerebrais: porque aquela centenária árvore caiu exatamente aos 40 minutos do dia 30 de março quando aqueles 11 trabalhadores voltavam de seus turnos?

O que nos coloca em determinados lugares, em determinadas circunstâncias? Seria o acaso ou algo que poderíamos ter feito para evitar? Mas como evitar que uma castanheira centenária deixe de cair sobre um ônibus com passageiros no meio do "nada"? "NADA"? Como assim, era uma floresta, cheia de árvores enormes, de raízes rasas, que caem todo dia, só que não presenciamos, não estão ao nosso alcance, são quilômetros e quilômetros de verde que tem sua própria dinâmica, suas próprias leis.

Nós escolhemos estar aqui. Conhecemos os riscos mas eles não nos impede de continuar neste lugar. A segurança chega a ser uma obsessão por aqui, ordem da empresa, diretriz prioritária a ser cumprida, mas no entanto, o acidente ocorreu e levou embora três funcionários e deixou outros nove feridos.

E ficamos assim paralisados, impotentes, diante deste fato - inevitável?

Fica então este sentimento de que estamos sujeitos, quer queiramos quer não, aos desígnios de uma força maior, que se expressa implacavelmente com uma árvore sobre nossas cabeças ou com um pensamento que interrompe o fluir da vida.

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