segunda-feira, 13 de abril de 2009

Belém do Pará

Depois de um mês de Carajás, voamos pra capitá. Por um triz não ficamos em Marabá (comprei passagem aérea pro dia errado). Mas continuo achando que a GOL anda levando vantagem com o horário de 0:10h. Dia 09 ou 10? Me ferrei pois era 10 de abril. Segundo a vendedora GOL, não é o primeiro caso, nem será o último. Fazer o que? Pagar pela bobeada e esperar ter aprendido.

Esquecido o prejuízo, "mergulhamos" de cabeça nas águas da Baia de Guajará, que banha Belém e outras cidades. Impressionante o volume de água. Apesar de barrenta, pois carrega material orgânico de longe, sua beleza está na correnteza e na riqueza que traz aos povos ribeirinhos. Por ali, ninguém passa fome, a quantidade e diversidade de comida é flagrante.

No Ver-o-peso, principal mercado de Belém, o pescado, recém chegado do rio, está à mostra para os fregueses que passeiam entre os balcões. Filhote, Arraia, Tucunaré, Dourada, Pescada Amarela, Pargo, eis aí alguns deles que saboreamos num dos almoços.

As frutas são das mais exóticas, pelo menos para nós turistas do Sul Maravilha que ainda não sabemos de nada sobre as maravilhas do Norte. Se não estamos atentos, os nomes se embaralham em nossas cabeças e Miriti sai Tururi, ou então Tucupi, que não tem nada a ver com o pato, ou melhor, tem sim, é o Pato ao Tucupi, que comi e gostei. O Tacacá ficou pra depois, pois a tapioquinha entrou na frente.

Bom, mas o fato é que o Brasil não faz idéia desta biodiversidade, que não é só de fauna e flora, mas do Paraense, que forte e atarracado, sabe o que quer e defende seu pão de cada dia com toda criatividade: da produção de um viagra natural por exemplo, mistura de ervas que levanta qualquer "defunto", às pimentas arrumadinhas pra foto do gringo ("Pra tirar foto tem que pagar dois reais moça!").

O Paraense é dono real da terra, e sabe disso. Faz dela o que bem lhe apraz, traz nas veias a sabedoria do índio, as artimanhas portuguesas e, com um jeito todo seu, dribla a colonização francesa, deixando pra escanteio os imponentes prédios dos grandes ciclos.

Vi riquezas arquitetônicas brigando contra os maltratos do tempo e o descaso das autoridades. Vi, ainda, sinais de resistência de uma cultura ainda viva, vez por outra encontrada nos escombros dos sítios arqueológicos. São as histórias marajoaras contadas em suas cerâmicas.

A cerâmica Paraense é belíssima e em meio ao esgoto a céu aberto de Paracuri, em Icoaraci, encontramos a trajetória daquela gente que luta pra não ficar esquecida e que, apesar da vergonha, ainda se declara artesã. Seu José Pinto, diz que um convite para uma exposição do seu trabalho na França, ficou esquecido na gaveta de um funcionário público, porque no Pará, artesão é sinônimo de desqualificação.

Belém do Pará, uma cidade de grandes contrastes, mas com um potencial gigantesto para ser a mais visitada cidade do Brasil. Um lugar que apesar dos desgovernos ainda impera a Floresta Amazônica que dita os destinos da gente Paraense.

Apesar de apenas três dias, pude sentir a força daquele povo e a beleza de sua terra. E ainda de presente, ganhamos momentos de preciosa intimidade com nossos amigos da inesquecível Bahia. Valeu Victorassos!!! A gente vai continuar tendo boas histórias pra contar. Beijo, Miriam







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